Reciclemos!

2006/01/22

Um não lê jornais, o outro não vê televisão

A transmissão televisiva do discurso de Manuel Alegre - o segundo candidato mais votado nas Presidenciais - foi interrompido para dar voz a José Sócrates - que nem sequer era candidato.
Após forte reprimenda de Helena Roseta, a SIC fez um mea culpa e passou depois em diferido o discurso de Alegre na íntegra.
Momentos depois emitiu também a explicação oficial do primeiro-ministro, que afirmou que não sabia que Alegre estava a discursar. Só temos de acreditar, pois Sócrates não nos ia mentir em assunto tão sério, nem seria mesquinho a ponto de tentar - e conseguir - levar as televisões a "calar" Alegre.

Se já sabemos de outros tempos que o novo Presidente da República não lê jornais, depois desta explicação oficial ficamos a saber que o primeiro-ministro não vê televisão. A comunicação social que tire as devidas ilações destes comportamentos.

Reality show
Mas se muito se falou do silenciamento de Alegre, pouco se disse acerca da forma como a televisão também interrompeu o discurso de Jerónimo de Sousa, optando por transmitir imagens de Cavaco a sair de casa.
Silencioso como Cavaco andou durante a campanha, alguém esperava que ele falasse à saída de casa, quando nem sequer tinha um local estável onde pousar o discurso?
E que dizer da câmara que a SIC apontou a uma janela da casa particular do candidato vencedor? Estávamos perante a transmissão de uma eleição presidencial ou de uma final do Big Brother?